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15 de novembro de 2013

A razão das minhas palavras

A razão das minhas palavras
não é fácil de entender...
vem da força dos meus sonhos...
é efémera sem querer...

Palavras gravadas no tempo
com a dor de quem já partiu...
deixando ficar a esperança
de um dia chegar a ti...

A razão das minhas palavras
não está na voz que as declama.
Está na força gestual
que diz o quanto te ama!

Está na força das lágrimas
que salgam esse teu mar.
E mesmo até sem falar
chamar-te-ão à razão
um dia...

E mesmo dizendo adeus
por ti esperam,
todavia...

Maria João
15-11-2013. In Desafios de Proesia.

26 de outubro de 2013

A viagem

A viagem que ainda não fiz,
não foi por falta de vontade!
Quero fazê-la contigo,
de resto: nada me atrai!

A beleza das paisagens
e o ar cálido do trópico:
Ficarão tristes e frios,
se sozinha me desloco...

América, África, Ásia. Europa,
Oceânia e Antártico...
Desvendaremos os mares:
Nos elevaremos ao céu!

Os caminhos e montanhas
percorreremos devagar...
Aprenderemos de cor:
cada canto...cada lugar!

Quando chegarmos ao destino:
Entraremos devagar!
Levando na nossa bagagem
uma mensagem de paz!

© Maria João FS
26-10-2013.

9 de outubro de 2013

O que ainda me surpreende...

Quando é suposto não existir nada oculto debaixo do sol. Quando tudo marcha numa rotina desgastante logo que o dia começa -ao acordar de manhã-, com o toque do relógio que está programado para repetir várias vezes o mesmo som. Quando o empurrar das horas carregam em si um peso; a cremalheira do vestido não fecha o retoque no cabelo fica sem jeito nenhum! Quando tudo parece vir abaixo: o mais importante é que o dinheiro não falte para comprar café e tabaco! Tudo é previsível na vida de uma cidadã do mundo; deste mundo quadrado, irreal... Pouco ou nada já me surpreende passando da maldade extrema até a bondade divina.

O que ainda me surpreende é a capacidade de pessoas muito fragilizadas em aceitar uma dádiva de vida, apenas um dia mais de cada vez! A força para lutar desesperadamente por esse pouco tempo que resta; a capacidade de aceitar com toda a resignação que o seu próprio corpo se transforme -mesmo que seja num farrapo-, mantendo um sorriso alegre , delicado e ainda ter palavras de alento para o vizinho que está sentindo o mesmo.

Surpreende-me e faz-me refletir: “e eu que estou aborrecida porque a cremalheira do vestido avariou”... coisa insignificante ao lado de uma vida que se apaga lenta e irremediavelmente. É assim a natureza humana: a mudança de atitude que obriga a ver o mundo com os olhos da tolerância, com a cor da eternidade e o desfrute de cada dia que passa como se não houvesse amanhã! Surpreende-me! Só me surpreenderia mais se alguém não se surpreendesse!

Maria João.
09-10-2013. In Desafios de Proesia.




25 de julho de 2013

A despedida

Oferece-me uma flor,
nascida em lugar incerto...
colhida no coração,
colhida a pensar em mim.

Só uma flor sagrada,
com lágrimas regada...
em áridos campos,
adubados com dor.

Perfume soletrado,
num corpo de prazer...
no rio de um sonho,
apaziguas o meu querer.

Flor de verão,
de uma despedida...
um adeus ingrato,
nunca pronunciado.

Maria João
25-07-2013. In Clube dos Proetas Vivos.

5 de julho de 2013

O vento

"Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades",
sabias palavras do poeta,
presentes em qualquer tempo,
vontades que são deste tempo
que o vento há-de levar.

Vontades de mudança...
do amor perdido no tempo,
nos sonhos de um pesadelo.

Vento! Não leves os meus sonhos,
para esse lugar incerto.
Diz-me onde irei procurar
aquele tão cálido beijo,
que ainda ficou por dar.

Vento! Diz-me porque
entraste sem pedir licença?
Levantaste o pó do caminho,
mudaste o sítio da vida,
deixando sinais de loucura.

Entraste, mudaste e não voltaste.
ninguém te conseguiu parar,
ficaram marcas no caminho
e tudo fora de lugar.

Bem disse o poeta:
"Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades"
Neste tempo...
Com o vento...

Maria João FS.
5-7-2013.

21 de junho de 2013

Ponto final

Hoje te vi pela última vez,
dizer adeus é triste...

Melhor não dizer nada,
o brilho nos olhos -afogado pelo silêncio-,
não engana!

Acabou...com vontade de
apagar tudo e começar de novo,
mas não!

Lacramos as palavras numa pedra
que atiramos contra os dois,
a pedra ficou inteira,
nós: estilhaços de dor!

Guardo uma dádiva de ternura,
a alegria desbordante só de sentir-te chegar,
o teu riso de frescura.

Tudo o resto nada importa,
não há lugar a reticências,
já colocamos o nosso ponto final.

Maria João FS.
21-6-2013 

19 de junho de 2013

O abraço

Preciso do teu abraço…
Quinze segundos é quanto basta;
não digas nada, fica próximo!

Envolve-me na sobredosagem,
desse teu narcótico abraço.
Preciso do teu abraço...

Só quero que seja sincero,
magnífico em essência,
escorregue devagar no meu regaço,
até oprimir o teu mundo no meu.

Preciso do teu abraço...
cercado de aroma e presença,
da sensorial dopamina do desejo!

Só um abraço teu...
É o que mais quero.

Maria João
19-6-2013. In Clube dos Proetas Vivos


18 de junho de 2013

Há dias assim...

Há dias assim, o relógio para na alvorada,
os olhos, não querem ver: cegam!
as setas mundanas espreitam a cada passo...e atacam!

Há dias assim, nada parece ter solução,
é suposto saber o que não sabes;
alguém conta uma história a partir do fim...na bola de cristal!

Há dias assim, o relógio teima em parar.
Os sonhos já não viajam nas nuvens;
Mas ainda podes ver o céu a dissipar,
esse azul voltará...

Maria João
18-6-2013

Amor migrante

Um dia emigro sem regresso.
Saberás -sem querer-, meu bem,
onde é que mora a saudade.

Viajou numa nave galáctica,
aterrou numa cratera lunar.

Por isso à luz do luar,
a saudade escorre sempre,
no delírio de quem sente!

Maria João
18-6-2013


16 de junho de 2013

Os pequenos prazeres

A tua cor de ébano me abala,
textura suave e delicada;
doce paladar, sabor a ti!
quanto prazer, quanta amargura!

Sofro no âmago por não te ter,
pequeno prazer, grande desventura;
segundo a segundo salivo de loucura.

Aí se soubesses o mal que me fazes,
explodes no meu corpo,
circulas no meu sangue!

Aí se soubesses o bem que me fazes,
alegras-me a alma,
paladar dos Deuses.

Aí se soubesses: esses pequenos prazeres,
transportam moléculas de felicidade.
Nunca mais dizias não,
Para sempre em vão.

© Maria João
16 de Junho de 2013.


13 de junho de 2013

Quadras de Santo António

Comprei este manjerico
que ao meu clube estou a dar,
no dia de Santo António,
para todos alegrar!

Acabada de chegar,
fico feliz de cá estar;
na agradável companhia
de quem me quiser aturar!

Entre poetas me vejo,
nem sei como vou rimar;
os versetes já não faltam
bora lá a festejar|

Maria João
13 de Junho de 2013

11 de junho de 2013

O inimigo imaginário

No dia que começou o combate, estávamos todos preparados. O comandante já tinha traçado a estratégia: enquanto um avança, dois vigiam, um à direita, outro à esquerda; os outros três ficam à retaguarda.

Às armas! Gritou o comandante, e, cada um pegou no arco enferrujado e nas flechas ardentes.

As milícias disfarçaram-se no muro de silêncio...toca o sino, toque de alerta, sino ofuscado pelo toque do coração. O inimigo se aproxima, disforme, não tem face. Uma bola pesada, branca, rola, na nossa direção. As armas preparadas, o inimigo vem, a tropa transpira, os disparos de luz chovem a granel, as setas não atingem o alvo -isso não importa-, o inimigo rebola: uma bola branca incandescente. Ouvem-se os gritos: Uh! Uh! Cotovelos ao ar, socos, chutes, pontapés; resistimos! Pancadaria no inimigo, os nossos gritos são estridentes: Uh! Uh! Pancadaria da boa: um, dois, três, quatro... e o inimigo cada vez maior.

A estratégia muda, silêncio....ocupem os seus lugares, caluda -ouçam a música suave-, o inimigo adormece, cai, desincha, fecha os olhos, transpira, derrete, a música acaba e ele derrete. Arrumamos as armas dentro de nós, adormecemos também -ao som da música-, perspiramos , numa batalha marcial. E quando tudo acaba...só resta recomeçar, preparados para derrotar o inimigo imaginário que temos dentro de nós.

© Maria João
11-6-2013. In Clube dos Proetas Vivos.

Os meus segredos

Não me peças os segredos,
que levo dentro de mim,
dos imperfeitos amores que palpitaram à minha porta.

Não me peças que te explique
o que foge a qualquer razão,
imperfeito como a vida, perfeito para o coração.

Os meus segredos de amor,
quero guardá-los inteiros, com sabor e dissabor,
imperfeitos e verdadeiros.

Não me peças que te explique,
de estórias está o mundo cheio,
brindemos o nosso amor,
seja bem-vindo como o primeiro.

© Maria João
11-6-2013. In Clube dos Proetas Vivos.

17 de março de 2013

Quero ser feliz

Na eterna procura da boa ventura
ser feliz é tudo o que quero!
Ao mundo cheguei de corpo inteiro
gritei de raiva e desconsolo;
na hora do despejo do teu regaço.

Descubro feliz onde tu estás:
felicidade dos grandes e dos pequenos;
procura insaciável de prazeres banais,
doce encontro com a criança eterna
morando no seio de qualquer mortal.

Ser feliz é tudo o que quero!
Ser feliz! Dou-me por inteiro...
Ser feliz só porque quero...
Antídoto de qualquer veneno...

Quando for grande quero ser feliz
Quero ser a criança feliz que um dia chorou!
Pelos dias que ainda não viveu...
Pelo amor que ainda nem sofreu...

Quando for grande quero ser feliz,
com as dores do crescimento,
dá-me a fórmula sagrada para
manter-me em forma feliz.

Maria João
11-7-2013.