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11 de junho de 2013

O inimigo imaginário

No dia que começou o combate, estávamos todos preparados. O comandante já tinha traçado a estratégia: enquanto um avança, dois vigiam, um à direita, outro à esquerda; os outros três ficam à retaguarda.

Às armas! Gritou o comandante, e, cada um pegou no arco enferrujado e nas flechas ardentes.

As milícias disfarçaram-se no muro de silêncio...toca o sino, toque de alerta, sino ofuscado pelo toque do coração. O inimigo se aproxima, disforme, não tem face. Uma bola pesada, branca, rola, na nossa direção. As armas preparadas, o inimigo vem, a tropa transpira, os disparos de luz chovem a granel, as setas não atingem o alvo -isso não importa-, o inimigo rebola: uma bola branca incandescente. Ouvem-se os gritos: Uh! Uh! Cotovelos ao ar, socos, chutes, pontapés; resistimos! Pancadaria no inimigo, os nossos gritos são estridentes: Uh! Uh! Pancadaria da boa: um, dois, três, quatro... e o inimigo cada vez maior.

A estratégia muda, silêncio....ocupem os seus lugares, caluda -ouçam a música suave-, o inimigo adormece, cai, desincha, fecha os olhos, transpira, derrete, a música acaba e ele derrete. Arrumamos as armas dentro de nós, adormecemos também -ao som da música-, perspiramos , numa batalha marcial. E quando tudo acaba...só resta recomeçar, preparados para derrotar o inimigo imaginário que temos dentro de nós.

© Maria João
11-6-2013. In Clube dos Proetas Vivos.

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