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10 de outubro de 2015

A Travessia

O meu corpo pede descanso. Estou exausta! De tanto, de pouco, de nada. Até a atmosfera parece incomodar-me. O meu corpo tem os teus sinais, está vazio de mim e só o cobre a noite que lentamente cai! Contigo aprendi, meu Mestre, o que é estar do lado errado da vida, o que é deixar de ter uma razão para sonhar... No infinito está escrito: "chegarás a outra margem, com o coração apertado, de olhos fechados".

Vejo-te de braços abertos, na outra margem. Quero chegar a ti! A distância é curta, o caminho frágil. Corre o rio de águas turbulentas com marcas de sangue e hediondez, sinal de progresso – dizem –, detritos hediondos que levam porcaria viva. Não respiro para não despertar em mim as náuseas do incómodo; não abro os olhos para não sentir o desequilíbrio da vertigem. O meu corpo está exausto, as pernas bamboleiam.

Na outra margem, os teus braços abertos esperam por mim! Sou um náufrago num mar espesso. Respiro sem querer, grito sem poder, anseio-te: és a minha salvação! Vens ao meu encontro, a tua mão escorrega na minha, o vento leva os meus soluços e apaga os meus gritos – levantei-me submersa em lama. Não me reconheces, não te reconheço! Não sei o que faço aqui. O meu corpo exausto de desejo... perdido no abraço de um estranho que apenas viveu em mim... Na minha eterna travessia...

@Faísca Maria (texto e imagem)
9-10-2015 – Desafio criativo da travessia.


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