Sinto-te! É difícil não sentir-te. Deixas-te marcas indeléveis em cada recanto: para sempre! Quero arrancar-te de mim, sei que pairas aqui, mas onde? Talvez nas palavras ousadas de um romance antigo, no jardim da varanda onde passamos tantas tardes de domingo, ou no aconchego da lareira onde queimamos os serões de inverno. O eco da tua voz ainda me estremece, o sabor dos teus beijos está latente em mim e a ferida que abriste no meu peito nunca sarou. Sinto-te e não consigo desapegar-me de ti, mesmo sabendo que amanhã quando abrir a janela, um raio de sol forçará o nosso adeus.
Adormeço e tu estás ao meu lado, desperto, voraz, sedutor, esperando que apague a luz... o teu toque delicado está a queimar-me. Num breve momento esquecemos as promesas de uma vida. É o ruído que só o silêncio da noite deixa ouvir. Adormeço e acordo; volto a adormecer e ainda estás presente em mim, a porta fechada, eu na cama... Medooooooo! Medoooooo!
Não quero estar aqui, quero que a justiça dos homens seja para todos, tanto sangue sucado, tanto ódio e maldade! Quero de volta todas às personagens perseguidas, um regresso ao presente para poder viver em paz.
Serei corajosa: vou reler-te a começar do fim!
@Faísca Maria (desafio publicado In "Arrebata-me com palavras - A tempestade")
22-10-2015
(Imagem da Internet do filme "deixa-me entrar")