Powered By Blogger

23 de janeiro de 2015

Eu sou

No meio da estrada, a passos largos, desafio o vento. Não posso ir longe, a bagagem pesa, o corpo faminto só quer chegar.

– Está frio lá fora. Preciso de um teto para pernoitar!

Às horas passadas somam-se as angústias. "Que banco de jardim terá o meu nome? Que armas malditas conduzem esta vida?"

O quiosque da esquina proclama a vitória, a seca, a chuva, a sede de poder. Palavras que se arrumam ao entardecer, no dia seguinte outras mais virão: e a morte que espreita em qualquer lugar.

Ceguei para poder ver. Ensurdeci de tanto gritar. Perdi o paladar: não sinto o prazer de comer. Repugna-me a pele: cheira a chumbo, a sangue do cordeiro.

Vivo a dois tempos no mesmo lugar: batalho com armas em nome da paz. Curo feridas com outra maior. Silencio palavras. Desenho a morte. Ideias tiranas. Respeito violado por vezes sem fim.

Onde está a compaixão na face da terra? Onde se perdeu o amor? A igualdade? Onde estou? Porque nasci? 

O que faço aqui? Quem sou? Eu Sou a luz... Eu Sou as trevas??? Caminho do lado certo ou do lado errado da vida? Onde está o lado certo da vida? Preciso de um teto para pernoitar!

Maria João
23-01-2015. In Desafios de Proesia